
Costuma dizer-se que quem se lembra dos anos 60, é porque não esteve lá.Bem,não é verdade,mas também se for,o que é que isso interessa?
O que interessa é que,por alguma razão,toda a gente se "lembra" ainda dos anos 60
e "sintetizador" não era uma palavra que se ouvisse da boca dos músicos,pelo menos até 1968,quando a CBS lançou um álbum,de um estranho qualquer,chamado Walter Carlos que tocava concertos de Bach,numa coisa que se chamava "sintetizador Moog".
O ano de 1968,deve dizer-se,foi também o ano em que a CBS acertou em cheio com o"Lady Willpower",dos Union Gap,foi o ano do "Mony Mony",pelos Tommy James and The Sondels,do "Little Arrows",do Leapy Lee Deus-nos-valha e "Ÿummy Yummy Yummy",dos Quero-Lá-Saber...
A época do Bubblegum no seu apogeu...
O disco "Switched on Bach",caiu que nem uma luva,pelo menos para os administradores da CBS-bem,caiu e não caiu-mas,ao contrário dos seus companheiros de cela,com êxitos passageiros nos Tops de 1968,este"single"acordou não só os jovens adolescentes para o potencial sónico dos sintetizadores como também criadores como Bob Moog,Tom Oberheim e Alam Pearlman para o potencial comercial do sintetizador com um instrumento musical normal.O sintetizador utilizado no "Switched on Bach"era de facto,uma colecção gigante de módulos Moog,quase tão utilizáveis em palco como uma central nuclear.
Um só disco originou tudo
Sem o "Switched on Bach"é pouco provável que Bob Moog se tivesse dado ao trabalho de fazer o MiniMoog.Sem o MiniMoog,a empresa usual de Alam Pearlman,a ARP,não teria nenhuma razão de ser.Sem o exemplo dos Estados Unidos,será que a Roland e a Korg teriam vislumbrado algum futuro possível no negócio dos teclados pop?
Em qualquer dos casos,qual seria a aposta no MIDI?Sequenciação de computadores?Samplers?Toda a forma como a músoca passou a ser criada na tardia metade do século XX?Sem esquecer,claro,desdobramentos do ramo como revistas e afins...Mas "Switched on Bach"não apareceu do nada.A tecnologia que permitiu a Walter Carlos produzir este trabalho atrás das portas fechadas dos departamentos da universidade de música e em laboratórios de música,há algum tempo atrás.Décadas até.Na inauguração do Museu do sintetizador em Hertfordshire(inglaterra),em 1994,Bob Moog falou da "rede da imaginação",uma espécie de processo de definição e refinação colectivo que ocorreu no princípio dos anos 60,na comunidade da música electrónica nos EUA.
Em 1963 o jovem Moog,estudante doutorado pela universidade de Cornell e construtor de Theremins em part-time,com um seu cúmplice,Herb Deutsch,começou a babuciar na electrónica,construindo séries de módulos interligáveis,cada um dedicado a um processo componente na produção de som,um oscilador,um filtro,um gerador de envelope,um LFO,empregando voltagens de controlo diferentes para produzir diferentes sons,formas e feitos.
A novidade depressa se espalhou e compositores electrónicos como John Cape,Alwin Nikolais e Morton Subotnik,cujas composições eram todas essencialmente estruturas de música concreta,gravadas em fita (essencialmente partes de fitas com vários pedaços de som/música cortadas e depois montadas numa ordem diferente,os processos experimentais mais usados desde os anos 50),repidamente aproveitaram esta nova tecnologia.
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